“Cazuza – Pro dia nascer feliz, o musical”
Atualizado: 5 de fev. de 2020
‘CAZUZA PRO DIA NASCER FELIZ, O MUSICAL’ VOLTA A BRASÍLIA EM ÚNICAS APRESENTAÇÕES
Vencedor de Melhor Espetáculo, Melhor Direção (João Fonseca) e Melhor Ator (Emílio Dantas), na categoria musical (Prêmio Arte Qualidade Brasil 2014)
“O espetáculo é envolvente em todos os seus aspectos. A direção de João Fonseca é um total acerto, pois cria exatamente o clima sugerido pelo texto.. Emilio Dantas é um excelente Cazuza, com grande segurança nas enormes variações de humor e emoção. No grande veio de biografias de grandes nomes da MPB, este “Cazuza, pro dia nascer feliz” fica entre os melhores, em todos os seus aspectos” Barbara Heliodora (O Globo). Um dos grandes sucessos de crítica e público do teatro dos últimos tempos, ‘Cazuza pro dia nascer feliz, o musical’ volta a Brasília, no auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães em únicas apresentações. O musical, que tem direção de João Fonseca e texto de Aloisio de Abreu, já foi visto por mais de 200 mil espectadores e passou por 12 cidades brasileiras.
A história do poeta, cantor e compositor é contada através de mais de 20 músicas no espetáculo de autoria de Aloísio de Abreu, com direção de João Fonseca.
Vida louca, vida, vida breve
Pouco antes de sua morte, em 1990, ainda havia quem pensasse, pasmem!, que a obra de Cazuza não passava de um subproduto de rock. Mas “ao mesmo Deus que ensina a prazo, ao mais esperto e ao otário”, o tempo mostrou o contrário. Vinte três anos depois, o espetáculo “Cazuza — Pro dia nascer feliz, o musical”, que estreia hoje no Teatro Net Rio, leva para o palco a personalidade singular do cantor e compositor e mostra, sem pudor, sabores e dores que pontuaram sua meteórica carreira, de apenas oito anos, por meio de 31 canções, executadas por sete músicos e 16 atores, numa equipe de 80 pessoas.
Concebida pelo eterno “subversivo” Aloisio de Abreu, a peça biográfica traz o ator e cantor Emílio Dantas na pele do “maior abandonado” em uma atuação surpreendente. Assim como fez com Tiago Abravanel em “Tim Maia — Vale tudo, o musical”, o diretor João Fonseca aposta suas fichas no carisma de Emílio, que, apesar de não se parecer fisicamente com Cazuza, o impressionou pelo jeito e pela voz, muito parecidos com os do artista.

Foto: Divulgação
— Eu tenho o mesmo timbre do Cazuza, só que um tom abaixo. Isso é uma maldição e um privilégio, ao mesmo tempo. Significa que preciso estar o tempo todo cantando em uma região acima, o que requer um grande esforço. Dói, mas vale a pena, e eu faria tudo de novo para ter esse grande prazer — conta Emílio Dantas, de 23 anos, que teve apenas 45 dias para se preparar para encarnar Caju, como o músico era chamado pelos amigos.
A performance vocal e teatral de Emílio — que estava no elenco da na novela “Dona Xepa”, da Record, e estrelou o filme “Léo e Bia”, de Oswaldo Montenegro (2010) — arrancou lágrimas de Ney Matogrosso e Sérgio Maciel, ex-namorados de Cazuza, que assistiram, com a equipe do Rio Show, a um dos últimos ensaios do espetáculo antes da estreia.
Espetáculo sem pudores
Foi a primeira vez que os dois — representados, respectivamente, pelos atores Fabiano Medeiros e Bruno Narchi — reviveram episódios significativos de suas próprias vidas.
— Quando Emílio abriu a boca e disse a primeira palavra, eu vi o Cazuza ali. É muito emocionante, fiquei tocado. Não sou de me emocionar, mas perdi o controle. Ele canta igual, é um trabalho belíssimo — aprova Ney, ignorado na cinebiografia “Cazuza — O tempo não para” (2004), de Sandra Werneck e Walter Carvalho. — Aquilo foi muito estranho. Ficou de fora, por exemplo, a importância que a minha gravação de “Pro dia nascer feliz” teve para o Barão Vermelho. Depois disso, a versão da banda passou a tocar sem parar — lembra.
O estouro da música está no roteiro do musical, assim como a paixão flamejante que Ney viveu com Cazuza antes de o filho de Lucinha e João Araújo (interpretados por Susana Ribeiro e Marcelo Várzea) conquistar seu lugar ao sol.
— Foi em 1979. Um dia, eu e Yara Neiva estávamos doidões no meu apartamento, que tinha três andares. Ela me disse que o Cazuza estava lá embaixo e perguntou se ele podia subir. Ele veio e ficamos os três alucinados na minha cama. Uma hora, ele me pediu um beijo. E aí o mundo desapareceu ao nosso redor — conta Ney, que ficou com Cazuza por três meses.
O romance entre Cazuza e Serginho também é retratado na peça, que traz um único cenário, com praticáveis, uma criação de Nello Marrese. A paquera começou em 1981, na oficina de teatro que faziam no Parque Lage, mas só decolou mesmo depois de mais uma das intermináveis noites no Baixo Leblon.
— Ele me ofereceu uma carona e, quando parou o carro no sinal, me agarrou. Lembro que tocava “Cavalgada”, com Roberto Carlos. Dali, já fomos para a casa dele e ficamos juntos por quatro anos — lembra Serginho, que se acabou de chorar no ensaio. — Foi uma sessão de tortura. Não sei como a Lucinha consegue. Acho que ela resolveu essa história.
Uma obra magistral
Encenada em ordem cronológica, a montagem reproduz com fidelidade o visual dos anos 80 nos figurinos de Carolina Lobato. A formação do Barão Vermelho, o auge da carreira solo, o lifestyle boêmio e a luta de Cazuza contra o HIV são os pilares do espetáculo, que tem 135 minutos, contando o intervalo.
— As músicas do Cazuza são teatrais. Conversei muito com a Lucinha, o Serginho, que é meu amigo, o Frejat. Eles me contaram vários episódios. Eu saí em busca dos detalhes. Temos momentos de show, dueto, humor e drama. O público vai poder conhecer sua poesia — aposta o autor Aloisio de Abreu.
A atuação de Emílio Dantas, para João Fonseca, é o grande acerto do musical.
— É uma peça de um grande protagonista. E o Emílio me ajudou muito. Quando fizemos as audições, todos foram unânimes em escolhê-lo. Musicalmente, Cazuza é um dos grandes da MPB — analisa o diretor, sem ser exagerado.

Foto: Divulgação
Teatro / Musical Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães Eixo Monumental, Lote 05, Ala Sul Brasília DF. – Brasília/DF
(por Guilherme Scarpa)