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Novos olhares… Velhos pontos turísticos

Atualizado: 4 de fev. de 2020

Lançar novos olhares sobre velhos pontos turísticos é o exercício proposto pela nossa viajante-mor,  Ana Boucinhas

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Ana Boucinhas propõe novos olhares para velhos pontos turísticos


Conhecer as maravilhas do mundo está cada vez mais difícil, tamanho o número exarcebado de turistas que invadem todos os espaços. Aos da nova turma, que vão pela primeira vez à Veneza, por exemplo, aconselhamos deixarem de lado o sonho romântico de ter seu amor mantido “ad eternum”, caso se beijem no exato momento em que, atravessando de gôndola sob a Ponte dos Suspiros, o pôr-do-sol se coloque na altura do clássico monumento histórico. Tem tanta gente na fila, mas tanta gente mesmo, que com a insistência no romantismo, o máximo que vai acontecer é ser deixada de lado por seu patner e terminar ali a esperança de um amor para sempre. Caso consiga, à custa de cotoveladas, um espaço quase em frente à famosa ponte, fixe o olhar na arquitetura do lado esquerdo da construção e povoe sua mente com os poderosos que viviam no Palácio dos Dodges. Capas longas de veludo e brocado vestiam a turma que bolou, no Consiglio dei Dieci, a construção do primeiro prédio destinado a ser uma prisão. Até aquela época, só existia o Palácio à beira do Rio di Palazzo, é claro. Acho eu que por preguiça de se locomoverem para condenar à morte os prisioneiros, acharam mais confortável deixa-los bem perto mesmo.

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Ponte dos Suspiros: um dos mais conhecidos pontos turísticos da Itália


Sem sair do clima, troque o olhar para o prédio à direita e imagine a confusão com a chegada dos materiais para fazer a fundação da nova construção, em abril de 1592. Repare na diferença chocante entre as duas fachadas. A grosseria do material usado já indicava o que rolaria ali. O espaço era destinado aos prisioneiros condenados à morte ou à prisão perpétua. Complementando o decidido no tal Consiglio, em 1589, o arquiteto Antonio de Ponte dá início ao projeto da ponte que ligaria os de capa de veludo aos esfarrapados criminosos. Mas quem ficou com a fama mesmo, foi o arquiteto Antonio Contino. Finalmente, olhe para a ponte que tem 11 metros de largura, feita de pedra calcária branca e já com uma arquitetura renacentista no capricho. Repare que é totalmente lacrada, com exceção de duas grandes janelas. Aí entra a liberdade poética de Lord Byron que no século XIX apelidou a construção do prédio de Ponte dos Suspiros, inspirado pela ideia, aliás, bem apropriada, de que os prisioneiros ao atravessa-la para a já prevista condenação, suspiravam sabendo que iriam ver pela última vez o mundo exterior. A estas alturas é melhor ceder o espaço para outro dos milhares de turistas e dividir com seu amor eterno, as impressões sobre o significado da famosa ponte de Veneza em outro lugar. Se quiser continuar a usar a imaginação, mas longe de tragédias, a nossa sugestão é que se sente em qualquer bar, peça um Belini, drinque aliás criado aí em Veneza, e fique se divertindo calculando a rocambolesca fuga do famoso Giacomo Casanovo da Prigione Nuova.

Ana Boucinhas

O olhar de Ana Boucinhas sobre pontos turísticos do mundo todo no Amantes da Vida


Ana Boucinhas

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