
Novos tempos
Atualizado: 5 de fev. de 2020
Os primeiros emails que recebi ressaltando a tal da “melhor idade”, depois de lê-los superficialmente, devolvia ao remetente, com o singelo comentário: “Aqui por engano.”
Mas como sou naturalmente “antenada”, percebi que uma nova parcela da população feminina começava, ainda que timidamente, a reverter o estigma da velhice conhecida.
Avalanches de emails neste sentido começaram a surgir na minha tela, e acabei achando o MÁXIMO participar de mais esta revolução – a da nova idosa.
Mais esta, pois sou da geração que participou das enormes alterações comportamentais que revolucionaram a metade do século passado, o que terminou há alguns anos.
As jovens de hoje, com a maior naturalidade, desfilam em massa, seus estreitíssimos biquínis, suas mini-saias que há décadas dominam a moda, e que variam apenas em pequenos e charmosos detalhes. Mas para segurar os estandartes das novidades não foi fácil. Encarar quase que isoladamente nos idos de 60 um “duas-peças” que expunha o umbigo, sem perder a fama de “menina de família”? Coisa de Che Guevara na moda.
Poderia arrolar diversos vanguardismos daquele período. Entretanto,um radicalismo inicial é necessário quando se pretende promover fortes mudanças no conceito da velhice clássica. E convenhamos saudosismo traz certo ranço do antigo idoso. A pessoa madura do novo século, vivencia o dia de hoje,virada para o dia de amanhã.
Com o aumento da expectativa de vida, ganhamos uns vinte anos para serem vividos ainda. Tempo para reiniciarmos uma nova carreira, para realizarmos sonhos adormecidos, para usufruirmos das fartas colheitas e sobretudo para nos livrarmos em caráter definitivo da tirania da juventude.
Manter a agradável aparência é obrigação. Mas cair aos prantos a cada ruga nova percebida, não faz o perfil da atual mulher madura.
Afinal, concorrer com uma mulher de 30,40 anos no quesito visual é querer conviver com a frustração.
Temos que valorizar o que conquistamos e não ficar lamentando o que perdemos.
O tempo, daqui para frente deve deixar de ser nosso inimigo e tornar-se o nosso maior aliado.
Devemos trocar figurinhas sobre todas as vantagens que a idade traz.
Assim, bem-vindas amigas de RG baixo, mas que já são ou querem se tornar verdadeiras AMANTES DA VIDA.

Foto: Divulgação